Acordei de ressaca e sorrindo pra mim mesmo,
balancei a cabeça e murmurei entredentes:
- Parece que não mudei nada.
Ao redor garrafas de uísque, a cama desfeita, violão sobre a mesa...
E a Cabeça, dolorida pela longa noite sem dormir, no meio de bebidas e mulheres...
fumaças e canções.
Não estou satisfeito comigo, nem com a minha maneira de viver.
não gosto nada de ver tudo o que me rodeia.
Continuo vivendo da mesma forma de anos atras,
quando eu era artesão e resolvi mudar... virei músico,
continuo dormindo de dia, cantando, bebendo e amando a noite inteira.
Até o amanhecer, quando os peões entoam nas feiras,
suas cantigas belas e patéticas, entre os fardos pesados
e o desejo de retornar à terra natal,
de onde os arrancara o fascínio pelo capital,
na capital promissora e generosa
O seu ritual compete com o som que vem da porta entreaberta do banheiro,
atras dela, uma pequena despejando jarras de água sobre o seu corpo nú,
cantarola desafinada, uma canção latina dos tempos da revolução.
Agora sentado na minha cadeira luxuosa, de ferro dourado,
com assento e encosto de um veludo avermelhado.
pego uma caneta e um papel, e digo pra mim mesmo:
- Vou mudar, vou virar poeta.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
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